E depois esse homem “do diálogo” era um homem do monólogo, como todos os grandes espíritos; digamos com rigor: do monólogo dialogado. Para que uma palavra o tocasse, era preciso que fosse pronunciada por alguém que tivesse engajado toda a sua existência para demonstrar seu valor pela prática. Então ele pesava os prós e os contras. Não se teria rendido, mas se teria deixado abalar. Um diálogo interior teria nascido e o levaria a uma conclusão firme, senão matizada. Ele não era inacessível, como pareci dizer ao chamá-lo de irredutível. Era necessário para atingi-lo que ele percebesse em seu interlocutor uma certa força íntima vinda de uma convicção inabalável. Eis porque seu melhor amigo não conseguiria ter uma conversa séria com ele sobre certos problemas muito importantes se Camus não tivesse sentido em suas palavras ou em suas ideias essa solidez que o teria ao menos feito refletir. E ele era muito perspicaz. Disse-me um dia: “Sei, pelo seu tom, aquilo em que você acredita e aquilo em que você não acredita”.