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Em toda coisa que fazemos há sempre um grão de outra que a precedeu, e as sugestões podem vir, sem que nos demos conta, de mil direções e de longas distâncias.

[…] […] [Tinha] o desejo de fazer um filme sobre uma mãe que, sentindo-se quase dona de seus filhos, quer desfrutar da energia deles para livrar-se das “necessidades cotidianas”, sem levar em conta a diversidade de caracteres nem as possibilidades de seus rapazes, para os quais mira ambiciosamente alto, mas é derrotada; depois, me interessava também o problema da urbanização, através do qual era possível estabelecer um contato entre o Sul miserável e Milão, a modernamente progredida cidade do Norte.

[…] [É a] história de Rosaria, uma senhora lucana enérgica, forte, obstinada, mãe de cinco filhos ’’fortes, belos, sãos’’ que são, para ela, como os cinco dedos da mão. Morto o marido, atraída pelo milagre da grande cidade do Norte, para fugir da miséria muda-se para Milão.

Mas a cidade não reserva aos cinco rapazes a mesma sorte: Simone, que parece o mais forte e que é, na realidade, o mais fraco, perde-se e mata uma mulher.

Rocco, o mais sensível, o mais complexo espiritualmente, obtém um sucesso que para ele – que se sente responsável pela desgraça de Simone – é uma espécie de autopunição: vai se tornar célebre no pugilismo, uma atividade que lhe é repugnante porque, quando está no ringue, em frente ao adversário, sente desencadear-se dentro de si um ódio por tudo e por todos; um ódio do qual foge quase com horror.

Ciro, o mais prático, o mais sensato e o mais concreto dos irmãos, será o único a urbanizar-se completamente, a tornar-se uma unidade da comunidade milanesa, cônscio de seus novos direitos e de seus novos deveres.

O menorzinho, Luca, talvez um dia volte a Lucânia, quando também lá as condições de vida tiverem mudado, enquanto Vincenzo se contentará com uma vida modesta, porém segura ao lado de sua mulher.

[…] [Em um primeiro esboço do final,] Rocco morreria durante uma luta, que ele disputava sabendo não estar em condições físicas de boxear; em outro final previsto, Rocco deixava-se prender no lugar do irmão.

Afinal achamos o final atual (a aceitação, como autopunição, de uma atividade odiada), que me parece conter tanto a melodramaticidade do primeiro desfecho quanto a artificiosa mecânica do segundo. 

Tapas e Beijos
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