O nosso trabalho teve uma grande dificuldade, porque todos os anos alagava e esse ano não teve água em nosso trabalho. Ficou bom porque os poraquês não iam mexer com a gente, mas ficou ruim porque a gente carregava a juta numa distância de mais ou menos quinhentos metros para chegar na beira do rio. Aí a gente colocava a juta lá na água, afogava e, quando passava o motor, dava o banzeiro e escangalhava as jangadas. Tirava o pau de cima da juta, aí ela caía. Nós de novo afogávamos a juta até amolecer pra gente lavar.
Outra coisa é que de primeiro, quando não existia esse trabalho de juta, as pessoas não eram doentias. Eu ainda cheguei a ver uma senhora que morreu com 115 anos de idade. Mas, hoje em dia, nós jovens com 15 ou 25 anos já estamos cheios de reumatismos, dores nas pernas, cansados. Por quê? Tanto trabalho na juta, dentro d’água e, de primeiro, não. Quando não existia a juta a gente só trabalhava em roça, cacau, feijão, milho, melancia, e outras plantações. Nós, hoje em dia, só sabemos trabalhar é na juta velha.