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     De repente, eu vejo ser tirado do curral o “Estrela”, um velho boi de carro, negro, com uma mancha branca na testa. O “Estrela” fazia junta com o “Moreno”, um outro boi negro; e ambos, além de carreiros, lavravam também.
     Foi o boi conduzido para junto da estrebaria e vi que um marinheiro, de machado em punho, o enfrentava e ia desfechar-lhe um golpe na cabeça.
     Tive a visão rápida dos seus serviços e dos seus préstimos, pois era de ver a paciência, a resignação do “Estrela”, quando, atrelado com o seu companheiro de junta, cavavam, com auxílio do arado, na encosta íngreme do morro, por detrás do convento, fundos sulcos que iam receber as manivas dos aipins e a rama da batata-doce.
     A vista era daí soberba – toda a parte anterior da Guanabara, o Corcovado, as fortalezas, o zimbório da Candelária, a barra, o mar sem fim, a cidade inteira entre verdura e dourada pelo sol do poente…
     “Estrela”, porém, não via nada daquilo. Sob o aguilhão do condutor, cavava resignadamente, docemente, tristemente, os sulcos no barro duro, para fazer render mais as sementes que a terra ia receber.
     Quando vi que o iam matar, não me despedi de ninguém. Corri para casa, sem olhar pra trás.

Tapas e Beijos
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