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 Há sempre um canto, muitos, esperando atrás da voz de uma canção.
     Olho os ombros do cantor, percebo sua posição: atrás, um caminho; de frente, ele corre, braços abertos, em busca da nossa afeição.
     Acho que é só isso, uma coisa que se faz e que se declara feita: retrato do que se vê, no presente, do passado, projetando para o futuro.      

E sempre entre eu e você.
     Esta coisinha que você está olhando aqui é um presente.
     O passado que vi é meu, mas olhei para ele através do espelho das canções aqui transcritas.
     O futuro é: a estrada. Com você, pronome aqui muito pessoal.
     Em outras palavras: partir palavras, e reparti-las.
     Pra que um canto não fique assim tão sozinho no seu canto.

Tapas e Beijos
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